A 53ª fase da Operação Lava Jato prendeu três pessoas em Curitiba. São elas:
Batizada de "Piloto", a 53ª etapa da Lava Jato cumpriu 36 mandados judiciais em Salvador (BA), São Paulo (SP), Lupionópolis (PR) Colombo (PR) e Curitiba (PR).
O codinome "Piloto", de acordo com a força-tarefa da Lava Jato, se refere a Beto Richa na planilha da Odebrecht.
A investigação apura um suposto pagamento milionário de vantagem indevida em 2014 pelo setor de propinas da Odebrecht em favor de agentes públicos e privados no Paraná, em contrapartida ao possível direcionamento do processo licitatório para investimento na duplicação, manutenção e operação da PR-323.
Ainda segundo a PF, os crimes investigados na atual fase são corrupção ativa e passiva, fraude à licitação e lavagem de dinheiro.
Do total de mandados, três são de prisão (duas preventivas e uma temporária) e 33 são de busca e apreensão.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), empresários da Odebrecht realizaram um acerto de subornos com Deonilson Roldo, para que ele limitasse a concorrência da licitação para duplicação da PR-323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá. Em contrapartida, a Odebrecht pagaria R$ 4 milhões a Roldo e ao seu grupo.
O esquema teria sido ajustado em três reuniões entre Roldo e representantes da empreiteira. No entanto, após perícia da PF nos sistemas Drousys e MyWebDay do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, foi verificado que foram pagos R$ 3,5 milhões em cinco pagamentos entre setembro e outubro de 2014. Os valores teriam sido entregues em São Paulo, em um condomínio relacionado à sogra de Jorge Atherino.
As reuniões e o acerto da propina
Conforme os procuradores, as provas indicaram que, após uma primeira reunião, Roldo voltou a se encontrar com executivos da empresa, informando que a ajudaria ilegalmente na licitação, mas para isso contava com o auxílio da empresa na campanha do governador daquele ano de 2014.
"Desta maneira, segundo as evidências, ele solicitou propinas para vender atos praticados no exercício de sua função pública, com o pretexto de que supostamente elas seriam usadas em campanha", afirmou o MPF.
A terceira reunião teria ocorrido em 14 de fevereiro de 2014. No encontro, ainda segundo o MPF, o então chefe de gabinete afirmou que tinha procurado as empresas CCR e Viapar e que elas teriam indicado que não participariam da licitação. No entando, o Grupo Bertin tinha interesse na concorrência por intermédio da empresa Contern.
Após diversos adiamentos dos prazos de entrega das propostas, em 25 de março de 2014, o Consórcio Rota das Fronteiras, composto pela Odebrecht, Tucumann, Gel e America foi o único a fazer proposta na licitação, segundo o MPF, e venceu concorrência pública. O contrato foi assinado em 5 de setembro de 2014.
Ao examinar a competência do processo em que Deonilson Rodo é réu, o juiz federal SérgioMoro – que é responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância – considerou o vai e vem do inquérito que investiga Beto Richa em relação a suposto pagamento de vantagem indevida destinado à campanha eleitoral de 2014, relacionado ao contrato para duplicação da PR-323.
Com um recurso protocolado junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná-PR (TRE-PR), a defesa de Richa conseguiu reverter essa decisão, e a investigação voltou para a Justiça Eleitoral.